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Passeando na construção!

Fragmentos Visíveis

I – Questão norteadora e objetivo do projeto

 

A questão norteadora deste projeto se insere na cultura da musicalidade cigana, especificamente, do sul da França, contexto no qual foi criado o Jazz cigano: Como construir imagens fotográficas para narrar a essência do cotidiano do Jazz Manouche?

Para tanto, esta construção foi realizada a partir no meu olhar interpretativo das imagens do referido cotidiano investigado, para que possam representar numa linguagem própria que possibilite a interpretação por parte dos espectadores da simbologia que poderá retratar o Jazz Manouche.

 

II. Transitando pela metodologia aos caminhos trilhados

 

Para auxiliar aos espectadores a escutar a sonoridade da criação imaginária da batida dos corações do jazz cigano, suas cores ou falta delas, o cerimonial dos encontros musicais no acampamento e a agilidade dos dedos sobre as cordas do violão intenciono apresentar o relatório do projeto intitulado “Fragmentos visíveis, que está organizada em nove momentos que transita entre o planejamento passando pela execução e finalizando com a sua publicação. Destes nove momentos estamos no oitavo momento, onde já com uma extensa sequência de cliques, é tempo de selecionar aqueles que melhor representam o objetivo do projeto, da maneira para contar uma história por mim construída, criando as cenas através do selecionamento e ordenação das imagens capturadas. A ordem das imagens ainda não foi decidida. Sei o que pretendo. Não é expor as fotos em ordem linear, com início meio e fim, mas não sei ainda como farei. Até o momento capturadas e setenta e cinco fotos pré-selecionadas e ainda não tratadas.

 

O primeiro momento, foi investigando o assunto, a familiarização com o Jazz Manouche e principalmente o cotidiano para que aconteça a expressão deste ritmo musical que será capturado em minha fotografia documental. Neste momento me preparei para a compreensão de como representar o tema escolhido através de buscas na literatura, estudos, entrevistas e assim leituras cuidadosas tendo consciência que a construção das imagens será realizada na busca de encontrar caminho improvável para resignificar o Jazz Manouche.

 

 

O segundo momento, denominado de inspiração poética, o momento que iniciei meu pensamento para decidir como fotografar e obter alguma inspiração de alguns dos grandes fotógrafos da fotografia documental. Mergulhei para a conferência do trabalho de algumas personalidades observando o trabalho destes especialistas para me incentivar e treinar meus olhos para os diferentes cenários fotográficos, a observar os detalhes dentro de uma cena, para capturar os momentos que definem minha história. Observei com cuidado os fotógrafos brasileiros – Pedro David, Renato Stockler, Bernard Plossu, Daniela Dacoroso e German Lorca.

Pedro David artista visual e fotógrafo mineiro, nasceu em Santos Dumont, em 1977. Dedica-se a interpretar, através de diversas vertentes da fotografia, as relações entre o homem e seu ambiente, através de fotografias impressas em diversos formatos, livros de artista, e mais recentemente, esculturas em bronze. Seu trabalho como artista é marcado por uma discussão sobre o crescimento caótico das cidades e, consequentemente, da demanda sobre suas necessidades de espaço e da gestão de recursos naturais. O fotógrafo evidencia a expressão de sentimentos guardado. Podemos observar na natureza do olhar, na percepção, na imagem e na própria experiência do fotográfico seus ensaios com denúncia que trata a imagem e o documento como formas de pensamento sensível e não apenas como conteúdo ou informação visual. Seu trabalho consiste essencialmente em séries fotográficas em que o artista demonstra seu interesse sobre o futuro das regiões pesquisadas, onde a paisagem vêm sendo modificada pela construção alucinada de estruturas industriais ou imobiliárias ou mesmo pela ocupação desordenada. A valorização das cores ou dos tons de cinza, bem como a presença do contraste entre paisagens naturais e interferência humana, é uma marca de suas imagens.

Renato Stockler, paulistano nascido em 1978. Pesquisa o tema da fotografia de rua, utilizando a plataforma da rede social Instagram como base de análise e desenvolvimento de linguagem fotográfica. Produtor dos documentários do Prêmio Empreendedor Social, parceria entre a Schwab Foundation for Social Enterpreneurship e Folha de São Paulo, além de dirigir a fotografia de uma série de vídeos institucionais de empresas como Santander, Natura, Libra Terminais e Fundação Citibank. Suas imagens apresentam uma de composição perfeita, característica intrínseca em sua obra. Ele mostra as inconfundíveis linhas do arquiteto Oscar Niemeyer e as utiliza como meio para dar forma à cena. Para o fotógrafo, acostumado a enxergar a beleza onde a maioria vê apenas a rotina do concreto, seria um registro quase banal e prosaico.

Plossu é um daqueles artistas que entendeu a fotografia por meio de uma de suas principais características: a viagem. Viajar no espaço e viajar no tempo: a primeira coisa que a fotografia permitiu foi de fato a invenção ou a reinvenção da memória, portanto a redescoberta do passado (ou a invenção do passado). Olhar uma fotografia é olhar diretamente para o passado: o fotógrafo estava lá, é isso que ele viu e o que ele viu é o que ele está vendo.

O trabalho da fotojornalista Daniela Dacoroso, mineira, de Belo Horizonte, (1969) descreve tribos urbanas e seus ritmos, a cultura do corpo nas praias do Brasil e a vida nas favelas do Rio de Janeiro. As imagens de Dacorso são sonoplásticas, olfativas e ao olharmos atentamente, podemos ouvir a intensidade do som e sentir o cheiro de suor, henê e sexo. A fotógrafa visa um eixo subjetivo de seleção e combinação, escolhendo os sinais e indiciando o processo de revelar, em imagens-metonímias, o todo pela parte. Daniela Dacorso trabalha como fotógrafa e desenvolve projetos pessoais como artista visual.  Corpo, religiosidade e cultura urbana são temas recorrentes em seu trabalho,

O paulista German Lorca, é conhecido por sua sensibilidade, que dá foco principalmente às cenas do cotidiano, capturando com muita liberdade imagens que beiram a poesia. Sua produção inicial teve uma participação decisiva na renovação da fotografia moderna no país. Todos estes têm em sua obra características particulares, revelando seu talento e suas técnicas por meio de imagens impactantes e reflexivas.

Minha inspiração nestes artistas fotógrafos se dá na criação de Renato Stockler, ao enxergar a beleza onde a maioria vê apenas a rotina do concreto, seria um registro quase banal e prosaico. No entusiasmo poético de Plossu quando observo suas obras traçando seu próprio caminho, construindo sua própria gramática fotográfica, onde a sua fotografia passa a ser o índice de algo próximo e aberto, íntimo e impessoal, vivenciando uma democracia sensorial, onde o homem, o material, o cultural e o orgânico se encontram. Na poesia de Daniela Dacorso onde me encanto com a subjetividade na seleção e combinação, dos sinais que indicam o processo de revelar, em imagens-metonímias, o todo pela parte presentes em suas fotografias.  Na sensibilidade das cenas do cotidiano de German Lorca, pelas cores e diferentes tons de cinza, a beleza onde a maioria vê apenas a rotina.

 

 

O terceiro momento pretendido é intitulado - Como será representar o meu tema?.  A construção das imagens nasceram a partir da leitura cuidadosa da bibliografia sistematizada sobre o Jazz Manouche, considerando minha interpretação e sensibilidade mesmo à distância da cultura cigana e de qualquer acampamento Romani. Minha inspiração nasce de minha paixão pela música, pelo desejo de conhecer, aprofundar e documentar um estilo, para mim, novo e inovador, pouco conhecido no Brasil. Assim, vislumbro a construção e desconstrução das imagens a partir da interpretação sensível da literatura observada.

 

 

O quarto momento representando o cotidiano poético do Jazz Manouche parti da decisão da forma de como irei retratar nas fotos do tema proposto. Atrelada à subjetividade, faço a opção em relatar com a poesia, a magia no assunto escolhido. Em um diálogo descontraído mas nem por isso despretensioso, com Mauro Abert, violonista e um dos divulgadores do Jazz Manouche em Florianópolis, trocamos ideias durante nossas conversas e ele gentilmente me trouxe materiais para serem incorporados ao referido projeto: fotografia de Django, o violão cigano, o chapéu preto. A idealização das imagens iniciam no símbolo de Paris, a torre Eiffel inaugurada em 31 de março de 1889, caminhos com as cercas com flores, portão da propriedade e o cavalo que conduziam os ciganos a chegarem ao acampamento onde a música será o centro da reunião. O violão e seus detalhes; o chapéu, o lenço como a marca do cigano Django. Para ilustrar a voz humana e a sonoridade da música, o choro e o riso ecoado pelas cordas do violão e a palheta para auxiliar os dedilhado nas cordas de nylon empunhadas pelo punho e dedos no braço do instrumento. O pôr do sol, a lua, e no suposto acampamento; a fogueira acesa que marca o conjunto da dança do fogo.

 

 

O quinto momento, denominado de a grande imagem, foi essencial para capturar uma variedade de cliques, a fim de fornecer ao público uma perspectiva equilibrada do assunto. Os diferentes cliques em arquivo Raw, com câmara Canon Rebel T7 e o celular foram os equipamentos utilizados. São em diferentes ângulos, dos maiores aos menores, com lentes grandes angulares e macro respeitando os elementos da composição e os detalhes que conduzirão os espectadores a vislumbrarem com perspectivas diferentes nos diferentes cenários do cotidiano da música cigana. As imagens tem sido tratadas no programa Lightroom, intencionando variar dos diversos tons de cinza até as cores que intenciono corroborar até o colorido corroborando com a musicalidade do Jazz Manouche.

 

 

O sexto momento, a escolha dos detalhes durante a captura das fotografias. Este momento tem sido para escolher os detalhes interessantes como texturas, cores e padrões para realizar fotos atraentes. Tenho buscado com meus olhos as oportunidades para complementar minha história. Tenho mantido muita paciência para os ajustes e com o tempo suficiente para a composição adequada, e assim garantir que as fotografias sejam necessárias para a realização do projeto.

 

 

As possíveis relações para o cotidiano poético do Jazz Manouche, o sétimo momento, não está focado em pessoas, mas sim nos objetos, nos rituais, no contexto que envolve o tema, uma possibilidade desfocado de pessoas para auxiliar a construir a história da melhor maneira. A partir dos estudos efetuados sobre o tema os cenários são compostos, e escolhidos buscando as pessoas que possam contribuir com a elaboração das cenas fotografadas, realizando assim um relacionamento com elas.

 

 

No oitavo momento, já com uma extensa sequência de cliques, é tempo de selecionar aqueles que melhor representam o objetivo do projeto, da maneira para contar uma história por mim construída, criando as cenas através do selecionamento e ordenação das imagens capturadas. A ordem das imagens ainda não foi decidida. Sei o que pretendo. Não expor as fotos em ordem linear, com início meio e fim, mas não sei ainda como farei. Foram noventa e cinco cliques e dezesseis fotografias de acervo pessoal, até o momento capturadas e setenta e cinco fotos pré-selecionadas e ainda não tratadas. Estas fotografias foram organizadas em quatorze categorias assim distribuídas - Torre Eiffel (duas fotos), caminhos (oito fotos), cavalo (uma foto), cerca e portão (duas fotos), pôr do sol (três fotos), luar (uma foto), violões (vinte e duas fotos), detalhes do violão (oito fotos), modelo tocando o violão (nove fotos), flores (três fotos), fogueira (duas fotos), chapéu e combinações (nove fotos), Django (duas fotos), e, Taças (três fotos).

As vinte fotos que evidenciam todas as quatorze categorias que corroboram com o andamento do projeto documental intitulado “” estão disponibilizadas em arquivo PowerPoint.

 

 

O último momento e não menos nem mais importante, o nono, será a apresentação do documento após o refinamento e tratamento das 10 a 20 fotos e estabelecer a ordem e a maneira que será apresentado o projeto. A intenção é a publicação on-line, através de um uma apresentação de slides de imagens, uma por uma, de modo que o espectador possa enxergar cada imagem individualmente durante um tempo para construir a história. Poderá ainda ser colocado frases que possam contextualizar a fotografia adicionando profundidade e significado considerável para a imagem.

 

 

Bibliografia Consultada

 

A saga cigana A história e os segredos do povo mais misterioso do mundo. Por Da Redação - Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 31 ago 2008, https://super.abril.com.br/cultura/a-saga-cigana/ acessado em 16/09/2020.

Ciganos e os Instrumentos Músicos. http://www.benficanet.com/ciganiada/ Acessado em 20/09/2020.

Ciganos: nação sem país. https://www.cedefes.org.br/ Acessado em 15/09/2020.

Especial Ciganos 3 - Tradições culturais que são vivenciadas pelas comunidades. https://www.camara.leg.br/radio/programas/307713 acessado em 15/09/2020

Hilkner, R. A. R. Ciganos: Peregrinos do Tempo: ritual, cultura e tradição. Tese de doutoramento, Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, 2008.

Lenda do jazz europeu Django Reinhardt faria 100 anos.  https://www.dw.com/pt-br/ Acessado em 16;09/2020.

Linemburg, J. Resenha do livro Romani Routes: cultural politics and Balkan music in diaspora, de Carol Silverman, Florianópolis, SC, 2015.

Lorenzoni, J. Memórias da Dança Cigana Cênica no Rio Grande Do Sul. Trabalho de Conclusão de Curso de Dança da Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, maio de 2018.

Maia, S. B. A Dança Cigana como Prática Artística e Pedagógica. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2013.

Música Cigana, Eco de Liberdade. Nicolas Ramanush. https://www.paulinas.org.br/dialogo/ptbr/ acessado em 16/09/2020.

O Povo e a Cultura Cigana: Contexto histórico https://trilhas.diogenesjunior.com.br/ Acessado em 12/09/2020.

Silva, V. S. Devir Cigano: o encontro cigano não-cigano do processo como elemento facilitador de individuação. Dissertação de Mestrado, Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016.

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